terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Paris

Querido eu,

Você já voltou a Paris? Espero que sim. Sonho com a cidade dia e noite, com os dois anos de curso básico que preciso antes de passar um ano lá pelo Ciência sem Fronteiras. Não só Paris, imagino o que deve ser viver na Europa. Imagino acordar cedo, comprar uma baguette e sair andando com ela, comer as margens do Sena, entrar nos sebos, voltar para meu pequeno studio (não sem antes passar no marché) e ir para as aulas. Sim, eu penso até nas aulas. Penso no metrô. Penso em ir no final de semana para a Itália.Ou para Londres. Ou para o interior da França mesmo. Penso tanto que enlouqueço. Ou chego perto disso.
Me sinto meio menininha e boba por sonhar com uma cidade tão desejada por tantos. Mas também carrego no peito a certeza que gosto mesmo de lá. Gosto de como eles não são tão a favor de contato humano como aqui, como as pessoas não se metem tanto na sua vida. Gosto da variedade, de como os arroundissements se diferem. Gosto como ela me conquistou, não num primeiro momento, não num sonho com a torre Eiffel e sim tão aos poucos. Gosto dessa cidade em que o Rio de Janeiro tentou tanto se inspirar.
São 2 anos. Dois anos de sonho, de dificuldades com engenharia, de curso de francês. E podem ser mais, eu sei. Talvez não seja a França. Talvez seja outro país igualmente agradável. Talvez seja a Inglaterra, também tão querida. Contudo fica o pensamento que eu nunca me sentirei tão longe e tão perto de casa como em Paris. Espero mesmo que tudo tenha dado certo para você. Acho que ninguém deseja isso mais do que eu.


RC


domingo, 6 de janeiro de 2013

Sobre a idiotice humana

Querido eu,

Você ainda se irrita com a maneira como as pessoas agem? Espero verdadeiramente que sim ou que pelo menos essa "carta" te acorde novamente. De verdade. Hoje eu ouvi gente reclamar da nossa ministra da Cultura por causa de um "suposto" projeto de lei. Suposto mesmo, não tem em lugar nenhum, mas as pessoas gostam de compartilhar essas coisas. E nele dizia que não podia mais ser obrigatório a criança participar de festas como dia dos pais e das mães e que ao invés de vir escrito nos documentos pai e mãe, viria escrito filiação. Para não causar desconforto em crianças adotadas por casais homossexuais ou que não tenham um dos pais. E as pessoas comentavam como ela está querendo destruir a família, é uma devassa e merece morrer. Dói. Dói muito. Como as pessoas acham fácil julgar e jogar uma pedra quando elas só estão pensando em si próprias. Em como elas gostam de ter mãe, pai e acham legais as festinhas. Elas não pensam que existe uma parcela da população que se sente incomodada e que é tão gente quando eles. Só que não são. Para essas pessoas, os diferentes não são gente. Deve ser bom ser branco, heterossexual de classe média. Parece fácil e digo por eu mesma. Não porque eu sou, mas porque eu sofro menos julgamento pela minha cor de pele e por ter um relacionamento estável com um homem. Queria que pelo menos soubessem olhar através da própria realidade.
Isso me deixa triste... Quase desolada.

RC